quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Leio logo existo

Quadro de Stojan Milanov.
Paulo Freire, em um congresso sobre educação, deveria falar sobre a importância de se ler. Procurando exemplos no seu passado ele criou uma reflexão muito interessante: antes de lermos qualquer coisa escrita, lemos tudo ao nosso redor. A leitura do mundo vem antes da leitura das palavras. O bom leitor leva as duas para o resto da vida.
Ler o mundo significa interpretá-lo. E interpretação é um ato que só pode ser feito por uma pessoa que deixa de ser simplesmente um macaco de imitação para se tornar um indivíduo mais autonômo e crítico, um sujeito.
A pedagogia de Paulo Freire é justamente essa: a de transformar o homem em sujeito através da troca de saberes entre professor e aluno. Para o educador pernambucano, o professor não poerder de vista nunca que uma pessoa aprende muito mais com conteúdos que falam sobre o seu mundo. Do que adianta alfabetizar uma população ribeirinha usando como exemplos frases como "vovò viu a uva" ou "caçamos o urso". São coisas fora do mundo dos alfabetizados, coisas que se tornam relíquias na sua cabeça porque nã o estão no universo de sua vivência.
Ler é importante porque estimula a autonomia do indíviduo: ele entra em contato com vários estilos, vários saberes e com isso pode construir o seu próprio estilo ou divulgar o seu saber. Leitura deve ajudar a nossa expressão e nosso senso crítico. Freire defende uma leitura seguida de interpretação. Uma leitura que tenha algo a ver com os desejos ou o cotidiano da pessoa a ser alfabetizada. É preciso afinidade para despertar o desejo de aprender. E é preciso diálogo para ensinar. Essas são as lições de Paulo Freire sobre a leitura.

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