quarta-feira, 1 de junho de 2011

Educação para os clássicos

Da série "sínteses na cantina entre um cafézinho e outro":

Como os filósofos gregos viam a educação? Os sofistas acreditavam que era mais interessante apostar no prestígio e na oratória do que na educação e no conhecimento. Sócrates, considerado o pai da filosofia, discordava. Para ele, a verdade é um bem maior e a ignorância é um mal. Logo, a educação ajuda a nos levar para a virtude.
Platão
Seu discípulo, Platão, concordava com ele que o conhecimento é uma virtude, mas sua preocupação maior era entender de onde vinha o conhecimento. Como podemos ensinar algo ás pessoas? Se elas não sabem do que estou falando, elas nunca aprenderão. Se elas sabem do que estou falando, não preciso ensiná-las. Por outro lado, elas sabem do que estou falando, mas não descobriram isso ainda. No primeiro caso, temos o total desconhecimento, no segundo, o total conhecimento e nesse último, nós temos um conhecimento parcial. Se eu sei disso, mas não me lembro muito bem quer dizer que aprendi isso antes em algum lugar. Mas onde? Segundo Platão, nós aprendemos com nossas constantes reencarnações. Cada vez que passamos pelo Hades, o mundo dos mortos, esquecemos um bocado do que aprendemos. Esquecemos só o que é mundano, agora o que é transcendental não.
A filosofia de Platão é idealista. Ela coloca as idéias como verdades imutáveis e eternas. Existem dois mundos: o mundo material e o mundo das idéias. O mundo das idéias é como fosse um rascunho do mundo material, é o projeto. Porém, na visão dele, toda vez que vamos concretizar esse projeto ele sai com algum defeito. Assim, o mundo das idéias é sempre mais perfeito que o mundo real. No mundo ideal, a idéia mais importante é a idéia de bem. Quando reencarnamos esquecemos essa idéia, mas ela continua lá, perdida em algum lugar de nossa cabeça. A função da educação é lembrarmos dessa e de outras idéias. Educar para Platão é relembrar.
Aristóteles
Aristóteles, seu discípulo, concebia o mundo de uma outra forma: o mundo material e o mundo das idéias não estão separados, eles estão juntos. Cada forma, cada coisa, tem sua idéia, sua potência. Essa potência precisa de um incentivo para ser ativada e dessa maneira a forma dá tudo de si. Se entendermos o ser humano como uma forma e suas habilidades (pensar, transformar a natureza, etc.) como uma potência, então para fazê-lo atingir o seu potencial precisamos de um incentivo que seria a educação. A principal potência que a educação tem de despertar em nós é a virtude.
Platão e Aristóteles no afresco de Rafael Sânzio.
Aristóteles acredita que todos procuram a felicidade, tanto os homens como as mulheres, tanto os indivíduos quanto os governos. O problema é o que cada um entende como felicidade. Felicidade para você pode ser ter um carrão do ano, enquanto para ele pode ser ter um ioiô. Aristóteles divide a felicidade em dois tipos: a mundana e a intelectual. A mundana é uma felicidade mesquinha, egoísta, enquanto a intelectual é transformadora, ela faz o homem deixar de ser ignorante e egoísta. A virtude faz o homem feliz e todos ao seu redor também; o respeito e o conhecimento multiplicam assim a felicidade.
Qual o sentido da educação para todos eles? Melhorar a sociedade. Agora, como ela fará isso é que eles discordam entre si: Sócrates acredita no poder da maiêutica (ensinar através de perguntas, questionar), Platão acredita que a sociedade deveria ser dividida em classes tendo cada classe uma função e uma educação adequada (os artesãos, os guerreiros, os reis-filósofoso - pois os governantes devem ser sábios como os filósofos), enquanto Aristóteles propõe que o governo cuide da educação para formar cidadãos que saibam viver na Pólis (que saibam ser políticos). Porém, todos acreditam que a boa educação traz a virtude.

Nenhum comentário:

Postar um comentário