sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Da série sínteses numa mesa de bar: Marxismo

Karl Marx, segundo Ricardo Musse, fez uma crítica á filosofia (romântica), á economia (liberal) e á história (positivista) que vinha se produzindo na sua época, mas principalmente á filosofia.

Marx era um seguidor de Hegel, o grande papa do idealismo. Para ele, as idéias vinham antes das ações e a Humanidade era guiada por uma força superior, chamada Espírito do Mundo, para uma humanidade mais racional e "mais humana". Marx critica seu mestres depois de um tempo: as condições materiais de existência geram as idéias e as ações e o homem é guiado através da história pelas suas próprias ações. Daí o nome de sua filosofia ser no início materialismo.

Assim sendo, a ação humana (principalmente o trabalho) está no centro de tudo. O grande tema de Marx é o capitalismo, ele só se envolve na História na tentativa de entender como o capitalismo surgiu. Aí ele vai lá na época do comunitivismo primitivo, onde não existia propriedade nem Estado, passa pela escravidão, feudalismo, mercantilismo e, enfim, o capitalismo. Marx usa para classificar as sociedades desses períodos dois conceitos: a idéia de que uma sociedade tem níveis e o modo de produção (o trabalho onde a sociedade se baseia, pra simplificar) é o principal deles e a dialética, que é mais um método filosófico que um conceito. A dialética busca achar as contradições nas sociedades, confrontá-las e tirar disso uma conclusão, pra deixar bem resumido (outro dia falo aqui da dialética, ok?)

Chegando no capitalismo, o que Marx vê? Ele vê a exploração do homem pelo homem, mas uma exploração muito mais poderosa e escancarada que antes. Agora você tem um cara que controla os meios de produção e um cara que tem a força de trabalho, ambos fazem um contrato. Um trabalha e em troca ganha uma remuneração, o outro ganha um produto manufaturado para vender no mercado. Pronto: taí o patrão, o trabalhador, a mais-valia e o salário. Com o capitalismo você tem a luta de classes, onde cada um desses personagens luta pelos seus interesses.

O capitalismo reproduz desigualdade, aliena e tudo mais. Como escapar dele? Marx acreditava que a única pessoa que poderia mudar o status quo era a classe operária, uma vez que ela numerosa e se desenvolvesse uma consciência de classe poderia facilmente derrubar o capitalista, assim como os burgueses fizeram com o absolutismo. Seu trabalho seria, portanto, ajudar a classe operária tomar consciência através da política e aí temos o nascimento do comunismo. O comunismo tenciona mudar o regime para o socialismo, onde teremos uma sociedade menos desigual e "mais humana". Marx, deixa escapar em alguns momentos, que o capitalismo poderia cair por suas próprias mãos, assim como aconteceu com os outros regimes (escravidão, feudalismo, mercantilismo). O socialismo seria, é o que muitos interpretam, inevitável - repetindo assim a idéia de história como uma evolução linear que Hegel tinha.

Como vocês podem ver, Marx foi importante em muitos ramos do que hoje chamamos ciências humanas: filosofia, política, economia, história, sociologia, etc. Mas durante os séculos seguintes á sua morte, muitos pensadores fizeram suas próprias interpretaçãos de suas idéias e, assim, chegamos ao dia de hoje passando por vários "marxismos", mas isso é assunto pra outro post.

Um comentário:

  1. Isso meu caro dá uma aula de ótima qualidade sobre Marx para o ensino médio...Parabéns...vou salvar p usar no futuro. Gostei da forma imparcial que vc tratou o assunto! Digno de um historiador! Meu jovem Tácito!

    ResponderExcluir