domingo, 27 de junho de 2010

Coisas do Progresso...

Eu me assustei com duas notícias que vi no jornal A Crítica desse domingo (19 de maio de 2010): o aumento do número de trabalhadores doentes saídos do Parque Industrial de Manaus e o crescimento de motoristas e cobradores com problemas psicológicos e físicos na cidade.
Me assustei, em primeiro lugar, pela semelhança das duas manchetes, e, depois, por não ser nada novo. Os poucos meses em que moro em Manaus já são suficientes para observar o caos que é o trânsito manauara. E mais ainda: a precariedade do transporte coletivo. Além dos acidentes nossos de cada dia, assisti há algumas greves e paralisações.
Bem, mas vamos ao assunto: essas notícias comprovam o que eu descobri com meus estudos em história - que desenvolvimento econômico não significa desenvolvimento social ou humano. Manaus é uma das cidades que mais contribui para o PIB interno em se tratando de indústrias (está no terceiro lugar do rank, depois de São Paulo e Rio, se não me engano) e mesmo assim está cravada de tensões terríveis. Além das desigualdades sociais (o centro é uma ilha de riqueza cercada de pobreza por todos os lados) temos um péssimo sistema de serviços urbanos (digo transporte, saúde, urbanização, etc.) e o resultado desse casamento são pessoas corrompidas pelo estresse e pelo cansaço.
O que falo de Manaus, aliás, não deve espantar mais ninguém. O que deve espantar é acharmos uma cidade que não tenha todos esses problemas. As mesmas consequencias que vem assolando Manaus podem ser encontradas em outras grandes cidades brasileiras como São Paulo ou Rio. Os problemas podem ser diferentes, mas a causa é a mesma; um projeto de desenvolvimento que privilegia a economia e não a cidadania. Em vez de procurar promover um desenvolvimento economico e social, simultaneamente, sempre com o cuidado de um se sobressair ao outro, temos guerras fiscais e algumas medidas que buscam apenas mitigar a falta de serviços fundamentais, como o transporte ou o lazer, por exemplo. Enquanto não revermos nossa concepção de desenvolvimento nossas cidades continuarão a serem grandes fábricas de doentes.

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