quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A explosão do momento

Comento aqui, com um pouco de atraso, o caso da estudante Geyse Campos quase linchada e expulsa da faculdade em que estudava, a Uniban, por estar vestindo uma minisaia.
Acho que as pessoas tem que ter noção do ambiente em que elas estão. Em todo espaço há uma espécie de código de leis informais e invisíveis, que sabemos simplesmente por convivência. Em um meio acadêmico se exige um mínimo de austeridade, para que as discussões não caiam em anarquia. Mas também o mesmo meio universitário exige liberdade, a tolerância de diferente opiniões e, por que não, estilos, paa viabilizar e cultivar o debate.
Em algumas universidades se exige mais austeridade, em outras mais liberdade. Pelo que percebi a Uniban se encaixaria no primeiro grupo. Mas isso, de forma alguma, justifica a perseguição e violência gratuita contra a estudante, ao contrário, evidencia a contradição desse estabelecimento e da turba que a gerou. Ora, como podem pessoas, que alegam ser sérias, tentarem lincharem uma estudante por causa de uma minisaia ou abrir um inquérito para verificar se ela encurtou ou não a saia?
Ou seja, ao meu ver, todos estavam certos e errados ao mesmo tempo. Esse acontecimento pode revelar muita coisa, sobre a nossa moralidade ou nossas universidades, mas para mim o principal é que esse singelo fato comprova a afirmação do filosófo polonês Zygmunt Bauman de que perdemos algo que possa nos unir. Essa sociabilidade que antes vinha da defesa de valores, ideologias, mudou. E no dizer de Bauman, "sem poder extravasar normalmente, nossa sociabilidade tende a se soltar em explosões espetaculares concentradas - e breves, como todas as explosões". A explosão do momento é a da moça da Uniban.

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