terça-feira, 29 de setembro de 2009

América Latina em transe

Para quem acompanha os noticiários o nome Zelaya já é bastante familiar. Desde que Manoel Zelaya foi deposto da presidência de Honduras pelas Forças Armadas, a Suprema Corte e o Congresso em 28 de junho não se fala em outra coisa. A proporção de notícias sobre o hondurenho aumentou quando este decidiu voltar ao seu país e se abrigar na embaixada do Brasil.
O caso de Honduras é um prato cheio para os jornalistas, mas pode ser um prato maior ainda para os professores de História. Ora, Honduras está inserida num contexto mais amplo que é a moderna configuração da América Latina. A partir dos anos 90 assistimos a hegemonia do neoliberalismo na América do Sul, maiores exemplos são o próprio Brasil e a Argentina. No entanto, com o começo do novo milênio a situação muda e parecem surgir em diferentes países governos mais populares e/ou populistas como alternativa ao neoliberalismo. O processo de consolidação desses governos é conflituoso, como vimos na Venezuela com Chávez e os golpes militares que o depuseram, até por conta de seu caráter populista (aliás, foi uma consulta popular para fazer mudanças na Constituição que motivou a crise em Honduras).
Ou seja, estamos assistindo, acompanhando nos jornais e na internet, esse processo. A necessidade de explicá-lo não pertence somente aos jornalistas, mas principalmente aos professores de História. Tanto a atual situação pode chamar a atenção dos alunos para o estudo da História da América Latina, como o momento histórico anterior (muito similar ao atual em algumas partes como o populismo e o golpismo) pode levar eles a se interessar pelo contexto atual. O professor pode estimular esse interesse trazendo notícias da situação seja em Honduras ou na Venezuela para os alunos, pedindo para relacionar os governos de hoje com os de 50 anos atrás ou incentivando a reflexão sobre os pontos principais da História da América Latina.
Mas sempre com o cuidado de não sacrificar a História para entender o presente. O ensino não pode desprezar a complexidade dessa parte do continente tão rica a favor de uma história mais didática. Podemos sim fazer os alunos entenderem que essa é uma história complexa, sem no entanto fazê-los perder o interesse pelo assunto, dando ênfase á certos países e disponibilizando informações sobre outros para os mais interessados.
É... afinal, o golpe em Honduras serviu para alguma coisa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário