domingo, 24 de fevereiro de 2013

Engane-me se puder

"Vejam, um Tyranossaurus Rex!" Aham...

Qual o objetivo dos efeitos especiais? No cinema, tudo aquilo que não pode ser reproduzido, pode ser representado. Dinossauros, alienígenas, batalhas históricas. Tudo isso pode ser representado de forma que o espectador se engane e acredite que realmente está vivenciado o desembarque dos Aliados na Normandia ou então aquela coisa na tela realmente é um alien.
Nos primórdios da sétima arte boa parte dos efeitos especiais provinham de truques de mágica ou ilusões de ótica (veja algum filme de George Meliès e tire a prova dos nove). Quando não, utilizava-se um recurso muito conhecido, o slow motion. A captura de imagens quadro a quadro, se preferirem. Embora tenha sido popularizada como uma técnica onde bonecos de massinha são manipulados, o recurso também pode ser usado em pessoas.
Novas tecnologias no decorrer das décadas influenciaram o modo de se fazer cinema. Um bom exemplo é a técnica do green screen, onde os atores interagem com personagens ou com um cenário pintado de verde que serão substituídos por efeitos computadorizados. De elementos acessórios, os efeitos especiais passaram a se tornar a essência de não só animações como muitos filmes (Beowulf, A Casa Monstro, Expresso Polar e Os Fantasmas de Scrooge, todos filmes de Robert Zemeckis, são bons exemplos).
Imagine o trabalho de se criar toda uma selva e uma fauna própria, sem falar de  pintar um monte de gente de azul...

O caminho da indústria cinematográfica foi tão grande que hoje assistir qualquer filme dos anos, mesmos os blockbusters da época, pode provocar risadas e desagrado em muitos espectadores acostumados com efeitos muito mais bem trabalhados. No entanto, com a exceção de poucos, muitos deles ainda não atingiram o nível de verossimilhança que espera-se atingir. Na realidade a maioria continua aparecendo artificiais, como aquelas naves espaciais amarradas a varetas nos anos 60. O que muda é que nossa artificialidade se refinou um pouco mais.
Hoje somos muito mais conscientes da função destes efeitos. Sabemos que é uma representação. Difícil sermos enganados. Mas queremos ser enganados. A premissa fundamental do cinema é enganar. É fazê-lo acreditá-lo que o que acontece na tela realmente aconteceu. Claro que isso requer um pouco do espectador. Geralmente um pouquinho de descrença para engolir não só algumas limitações dos efeitos espaciais, mas principalmente alguns erros da narrativa.
O que se salta aos olhos é essa neurose de atravessar as fronteiras entre o real e o virtual - o que explica a volta do 3D, técnica criada justamente nos anos 50. Conseguiremos ultrapassar essa tênue linha? Isso é desejável? Não sei, mas continuo me divertindo com os maravilhosos mundos e as criaturas fantásticas do cinema, sejam feitas de papelão e borracha ou de circuitos e pixels.

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