sexta-feira, 13 de julho de 2012

Não foi dessa vez...


Vamos lá! Primeiro, fiquei muito ressabiado com o filme diante dos pareceres de meus amigos, todos fãs do Homem Aranha. "Mudaram a história toda e coisa e tal!" Mas fui assistir e tirar minhas próprias conclusões.
O Espetacular Homem Aranha é um dos universos da Marvel do nosso herói aracnídeo, onde acompanhamos simultaneamente as aventuras de Peter Parker no combate ao crime e na puberdade. Perceba como a escolha dos produtores não é inocente: apelo teen para reerguer a franquia. Agora o curioso: escolheram Marc Webb para ser o diretor. Marc Webb? Conhece? Diretor de 500 Dias com Ela. É um cara que tem muita experiência como produtor de filmes indies e comédias românticas e você percebe isso muito bem nos momentos familiares e amorosos da película (não é aquele sentimentalismo fabricado com famílias ideais e frases feitas, aliás, é muito interessante como ele usa um tipo diferente de diálogo nos encontros de Peter e Gwen). 
A grande pergunta era: conseguirá Marc Webb fazer um filme de ação, capaz de ressuscitar Homem Aranha do fracasso da terceira sequência? E a resposta é sim. Sim, o Espetacular Homem Aranha promete o que cumpre, mesmo de que dê muitas deslizadas aqui e ali. Vamos primeiro falar dos acertos: a direção, claro, deu o diferencial com essa visão dinâmica e mais viva dos relacionamentos do nosso herói. Ela dá essa sensação de realismo em alguns momentos, em outras palavras, faz a história se tornar plausível. Os atores são outro ponto positivo. Andrew Garfield conseguiu fazer o Peter Parker ético, mas irônico desse universo. Martin Sheen como Tio Ben ficou ótimo e talvez isso tenha apagado um pouco a figura da Tia May de Sally Field. A Gwen Stacy de Emma Stone também não está nada mal: logo fica claro que ela não se trata da ingênua e indecisa Mary Jane.

Quanto ao vilão... vamos demorar um pouco nesse tópico. Rhys Ifans como Curt Connors foi competente. Como Lagarto foi estupendo. A loucura e a megalomania do bichão ficaram muito bem expressas (tem até uma parte que na hora me lembrou a cena em que a máscara do Duende Verde começa a falar com Norman Osbourne no primeiro filme). Estava com medo que fizessem o monstro nos moldes da história antiga: como uma criatura bestial que só pensa em destruir tudo em seu caminho alternando com um bom doutor, quase como em Hulk. Aqui o Lagarto tem a força do monstro e a inteligência de um bioquímico, o que deixa as coisas muito mais complicadas e emocionantes. Me incomodei um pouco com a mudança no visual do vilão (o papo do focinho e coisa e tal), mas superei.

O que faltou se trabalhar aqui é a ligação de Peter com Curt. Ele se torna a figura paterna do protagonista o que torna tudo mais difícil na hora do Homem Aranha lutar com o Lagarto, pois ele se preocupa com o doutor. No filme, ambos são apenas dois interessados em cruzamento genético. Talvez essa afetividade tenha sido transferida para o pai de Peter, que aqui aparece ao contrário das histórias em quadrinhos.
Agora, os erros. Basicamente o maior erro está no roteiro. São encontradas soluções muito bizarras para alguns entraves na história. Por exemplo, Gwen trabalharia no laboratório do amigo do pai de Peter. Quanta coincidência! Me espantei com a velocidade dos elevadores e dos fabricadores de antídoto. Em dois minutos, o sujeito já estava no terraço da maior torre de Nova York. Em oito minutos temos um soro saindo  quentinho do forno para uma fórmula que se levou anos para ser encontrada. Enfim, provas de falta de criatividade do autor.
A maior mudança na história, contudo, foi a presença dos pais de Peter. Aliás, não é só a presença deles, mas a sua ligação com a sua mutação e com Osbourne, que fica sempre na penumbra - a promessa de uma sequência. Essa intriga toda de espionagem me deixa cismado: será que uma mudança tão radical como essa ajudou a desenvolver a história? Ajudou nesse filme, mas volta e meia cai em alguns buracos no meio do caminho como os já apontados acima. Só não sou mais cético, porque ao que tudo indica a trama se perpetuará nos próximos filmes. Veremos se essa será uma mudança benigna.
Minha conclusão: filme bem executado, mas mal roteirizado. O que a direção deixa plausível o roteiro desfaz. Enquanto o Homem Aranha parece cada vez mais humano, alguns escorregões te lembram vez ou outra que esse é apenas um filme de ação. É uma pena porque se os problemas no roteiro fossem contornados, esse seria um ótimo filme. Um filme espetacular!

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