terça-feira, 12 de junho de 2012

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Na era da informação não são raros os dilemas que surgem aqui e ali por conta justamente da informação. Ou melhor, do jeito como essa informação é transmitida. Creio que seria melhor chamarmos essa como a era da informação compartilhada, uma vez que no século passado a informação ganhou a notoriedade que desfruta hoje graças á imprensa, a TV e o rádio.
Hoje temos a internet e em menos de dois minutos já sabemos o que aconteceu na Birmânia á um minuto atrás. O mundo ficou mais pequeno. E essa é uma das razões da internet fazer parte da utopia da globalização: a informação não tem mais fronteiras, é o que dizem. No entanto, que tipo de informação estamos falando? Não nos iludamos: as grandes corporações também existem no mundo virtual e podem manipular as notícias tanto como os donos dos grandes jornais.
Claro, a capacidade de alguém comum ter maior visibilidade agora é maior do que nos tempos do rádio. Você pode editar conteúdos e até acessar documentos secretos, como os hackers fazem. Um bom exemplo desse lado subversivo da internet foi nos dado pela Wikileaks de Julian Assange que apresentou ao mundo vários relatórios secretos do governo norte-americano.
Mas ainda assim, a internet continua sendo um território cheio de tensão. Nos blogs, principalmente os políticos, em tempo de eleição ou de algum novo escândalo de corrupção, os ataques explodem. Nas redes sociais há a perseguição á pessoas acusadas de terem feito algo terrível. Muitos também, se beneficiando do anonimato ou de uma identidade fake, passam a pintar e bordar por aí.

O otimismo digital voltou á cena quando eclodiu a Primavera Árabe, onde a maioria dos movimentos, principalmente no Egito, foram organizados por meio das redes sociais como o Twitter. O potencial político e emancipador da internet voltou a ser ressaltado. A rapidez e o nível de alcance das mensagens fez com que muitos outras bandeiras fossem defendidas via web.
Hoje já temos pessoas que se definem não só politicamente através do mundo virtual, mas também em outros sentidos. As comunidades no Orkut ou as páginas e grupos no Facebook servem como evidências dos traços culturais e pessoais que os usuários buscam afirmar.
E então? A internet é tudo isso que se tem dito ou não? Eu acredito que sim. Ela pode ser isso tudo e mais um pouco. Levamos um tempo para digerir o impacto dessa invenção, para nos livrarmos de algumas expectativas e criarmos outras. Mas talvez daqui há um tempo o mundo virtual e o mundo real não sejam tão distantes como parecem ser. Eles podem vir a se tornar complementares, como os últimos acontecimentos tem nos provado. Afinal, a internet é apenas uma ferramenta. As ferramentas em si não são nem boas nem más. Isso depende do modo e da intenção em que elas são usadas. A internet pode nos fazer engolir algumas mentiras, assim como também pode esquentar a chapa de alguns ditadores. Ela é ambígua, porque o ser humano é ambíguo.

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