sábado, 9 de junho de 2012

Social-democracia: o que é isso?


Difícil dizer. Esse conceito tem adquirido vários sentidos com o passar do tempo.
A primeira vez que ele foi utilizado foi ainda no século XIX. Nessa época muitos partidos e sindicatos se diziam democráticos. Em 1875 surge um que se denomina Partido Social-Democrata Alemão, conciliando dois termos que até então eram opostos.
Marx pregava a revolução como forma de se chegar ao socialismo. No entender dele, a democracia é uma forma de governo burguesa. Já Karl Kaustky, economista alemão, pensava diferente: o socialismo poderia ser alcançado por meio da revolução. Uma vez no poder, líderes comunistas poderiam mudar as leis, beneficiar os trabalhadores.

Rosa Luxemburgo criticou muito Kaustky por esse posicionamento. Lênin chamou-o de renegado por ter apoiado a Alemanha a entrar na Primeira Guerra Mundial. Kaustky acreditava que com a guerra a Alemanha poderia fortalecer-se economicamente e com isso fortalecer sua democracia.
Passam-se os anos e chegamos ás últimas décadas do século XX, quando o mundo parece estar se dividindo entre neoliberais e comunistas. Um grupo de sociólogos ingleses, como Anthony Giddens e Robert Putnam, repensam a social-democracia. Eles acreditam que menor intervenção do Estado na economia e assistência social por parte do governo á questões como a pobreza e a educação não são atitudes antagônicas.

Ou seja, eles conciliam a política econômica do neoliberalismo com a preocupação social do Estado de Bem-Estar Social e do comunismo. Por isso essa corrente ficou conhecida como Terceira Via. Desde cedo ela conquistou a simpatia do povo e o apoio de políticos como Bill Clinton e Tony Blair. A Europa foi por muito tempo o bastião da social democracia moderna (Estados Unidos e Austrália também).

E no Brasil? Em que pé anda a social-democracia? Veja só a situação curiosa de nossos partidos: o Partido Democrático Trabalhista (PDT) se declarava um herdeiro do trabalhismo de Vargas e um discípulo da social-democracia de Giddens, mas o Partido Social-Democrata do Brasil (PSDB) já denunciava no nome a sua filiação. Só que nesse caso, eles se declaravam mais vinculados ao modelo inglês que á corrente marxista (que ainda sobrevive). O caso é que o PSDB se popularizou como defensor do neoliberalismo. Seu maior adversário, o Partido dos Trabalhadores (PT) nasceu trotkista, mas quando chegou ao poder se tornou, segundo muitos, social-democrata. Por quê? Na política econômica continua neoliberal, a não ser pela defesa do empresariado nacional. E a preocupação social é o que tornou o governo de Lula e agora de Dilma tão polêmico e ambíguo.
Assim, tanto o PDT como o PSDB e o PT hoje são social-democratas. Estranho não? Isso ocorre porque a social-democracia é um movimento moderado, concilia posições radicais. Por ser tão amplo abriga tantas posições políticas diferentes. Posições que se diferenciam por poucos pontos: um passo mais para atrás e você se torna da centro-esquerda, outro mais para o lado e você se torna centro-direita.

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