sábado, 17 de março de 2012

Viva Zé Pelim!

Zeppelim na Baía de Guanabara em 1933.
Dirigíveis. Quando ouço falar em dirigíveis penso em duas coisas: no Zeppelim e no Hindenburg. O primeiro foi pioneiro, o segundo foi desastroso. A queda do Hindenburg nos Estados Unidos acabou com o reinado dessas naves no céu.
Zeppelin era como se chamava o conde alemão que dedicou boa parte de sua vida á estudar a aviação. O nobre tinha fascínio pelos balões e a partir de 1880 começou a construir os primeiros dirigíveis que se tem notícia. A maioria quebrava nos primeiros testes, o que fez com que o chanceler da Alemanha, Otto von Bismarck, desistisse de financiar o projeto. Os dirigíveis foram a glória e a falência de Ferdinand Zeppelim. O primeiro voo bem sucedido só foi acontecer em 1908. Ele pode recuperar parte da sua riqueza depois de montar uma empresa de viagens aérea e antes de falecer descobriu que sua invenção também podia ser usada para fins menos nobres - eram os tempos da Primeira Guerra Mundial.

Bem, a Primeira Guerra acabou e a Alemanha era um país economicamente fraco. Os Zeppelins continuaram voando, mas em menor frequência. Só vão voltar em grande estilo com a chegada dos anos 30. Hitler já havia subido ao poder e investia pesado na tecnologia aeronáutica para demonstrar a superioridade alemã. Daí o investimento em dirigíveis gigantescos e luxuosos como o Hindenbug, assim batizado em homenagem ao presidente que antecedeu Hitler, Paul von Hindenburg. Em 1937, pronto para pousar em Nova Jersey (EUA), o dirigível pega fogo e é consumido pelas chamas em menos de 60 minutos. O motivo? Diziam que era sabotagem comunista, um raio que atingiu as hélices, vazamento de hidrogênio. Enfim, até hoje o caso está mal esclarecido. O fato é que após a queda do Hindenburg voar de dirigível perdeu o charme e passou a ser motivo de medo.
Hindenburg no Hangar de Santa Cruz.
Em Santa Cruz, no Rio de Janeiro (perto do bairro de Sepetiba onde cresci e fui criado), construíram um hangar para eles. Lá era antes o Aeroporto Bartolomeu Gusmão. Foi inaugurado um ano antes dessa tragédia, por isso ele recebeu poucas naves. Em 1940 já tinha perdido seu uso e passava a fazer parte da Base Aérea. Foi tombado pelo IPHAN como patrimônio histórico. E em Jequiá, em Pernambuco, construíram uma torre de atracação em 1929. Quando o Zeppelim passou em Recife foi aquela festa. Era dia 22 de maio de 1930 e quem foi recepcioná-lo na Torre de Jequiá foi ninguém menos que Gilberto Freyre, chefe de gabinete da prefeitura de Recife. A Torre do Zeppelim também foi tombada.
Os dirigíveis encantavam pela sua estrutura curiosa e pelo conforto que as cabines de viagem possuíam. Imagine poder visitar quatro continentes em uma cabine com boas camas, garçons á sua disposição e passageiros do mais alto nível. Coisa de "catigoria"! Por isso permanecem no imaginário de muitas pessoas, incluindo brasileiros que puderam ver ou ouviram falar das passagens destes monstros da engenharia por nossas terras. Pessoas como o poeta pernambucano Ascenso Ferreira:
Apontou!
Parece uma baleia se movendo no mar
Parece um navio avoando nos ares
Credo, isto é invento do cão!
ó coisa bonita danada!
Viva seu Zé Pelim!

Nenhum comentário:

Postar um comentário