quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Salvadores e Garotinhos

Em se tratando de corrupção e egocentrismo, minha maior referência sempre foi o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho. O maior absurdo que já vi foi quando inauguraram estátuas sua e de sua mulher na cidade de Campos, onde iniciou sua carreira política. Detalhe: estátuas pintadas de dourado.
Infelizmente a corrupção e a impunidade no Rio não são de hoje. Mém de Sá, terceiro governador-geral do Brasil e responsável por expulsar os franceses da área onde hoje se encontra o litoral do Rio de Janeiro, passou em 1568 o governo da região para seu sobrinho Salvador Correia de Sá. Há relatos de que Mém de Sá teria desviado muitos recursos para si, mas seu sobrinho extrapolou os limites da corrupção. Nomeando parentes para os cargos mais altos da administração, participando do tráfico negreiro (com um posto de tráfico em Angola e outro no Rio) e desviando terras e escravos de moradores da cidade para construir seus engenhos. Por causa disso houve num de seus muitos mandatos uma revolta dos proprietários locais contra sua figura que foi reprimida com mão de ferro pelas mílicias. Depois disso deixou o cargo, mas foi agraciado pela Coroa com uma superintendência em minas de ouro da região.
Salvador conseguiu empossar seus filhos em cargos importantes da administração colonial no Rio e até em Angola. Por muitos anos os Correia de Sá governaram o Rio de Janeiro, só engordando sua renda e suas posses. A área da atual Ilha do Governador era na verdade um dos tantos engenhos da família, daí decorrendo aliás seu nome. Salvador Correia de Sá comprova um fato triste: a corrupção e a impunidade no Rio de Janeiro tem profundas raízes históricas, está se tornando quase um dado cultural. É impossível mudarmos a situação? Não. Pode não ser muito fácil, mas também não é impossível.

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