quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Estado tupiniquim


O jornalista e escritor Laurentino Gomes declarou em uma entrevista recente que pretende escrever um último livro sobre história do Brasil, sobre o momento de transição da monarquia para a República. O nome será, naturalmente, 1889. O autor, que ficou conhecido com seu livro sobre a vinda da família real portuguesa para o Brasil (1808) e, agora, com a proclamação da independência (1822), revelou com isso que seu projeto é cria rum trilogia sobre a formação do Estado brasileiro.

Não posso falar muito sobre Laurentino uma vez que ainda não entrei em contato com seus livros, no entanto, seu projeto é extremamente interessante. A formação do Estado nacional é um dos grandes temas de nossas ciências sociais e, como o autor já tem um certo prestígio com o público leigo, essa discussão pode ser melhor popularizada.

O Estado brasileiro, como já vimos em posts anteriores, nasceu de uma forma muito peculiar (segundo o padrão latino-americano), pois se originou de uma aproximação entre a Coroa e a colônia, graças ao contexto de guerra na Europa. Muitos acreditam que essa aproximação evitou que o Brasil se fragmentassem em milhares de pequenas repúblicas, a exemplo de seus vizinhos. Outros ressaltam que essa aproximação criou o germe de uma espécie de cultura da conciliação em nossa política, que sobreviveria até hoje.

Seja como for, mais de 120 anos se passaram e aqui estamos nós, diante desse polêmico (e cada vez mais desprestigiado) aparelho. Há muito ainda que ser dito (e lido) sobre a formação do Estado brasileiro, esperamos que Laurentino contribua com isso.

2 comentários:

  1. Olá! Encontrei o seu Blog por acaso e gostei muito! Eu adoro história, gosto de saber e entender porque as coisas são como são... mas também tenho dúvidas sobre certos temas, por exemplo, porque o acordo militar entre EUA e Colômbia gerou tanto mal-estar nos países vizinhos? Existe fundamento para este temor? O que os outros países latinos tem a ver com isso? Que regulamento diz que a Colômbia deveria consultá-los? Gostaria muito que me ajudasse a entender isto. Muito obrigada!

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  2. Olá, Semíramis. Obrigado por acompanhar o blog. Quanto ao acordo militar dos EUA com a Colômbia, esse é um tema muito polêmico mesmo. Na luta contra as FARCs o país tem recebido apoio dos EUA há anos. Quando o acordo foi feito os países vizinhos como a Bolívia, Equador e Venezuela, com governos supostamente nacionalistas e de esquerda acreditaram que esse seria o primeiro passo para os norte-americanos criarem um bloco para ir de encontro á eles. Bem, que os EUA são contra o governo de Hugo Chávez isso não é segredo, mas não acredito que seu objetivo principal seja acabar com o presidente venezuelano, mas apenas consumar um apoio importante na América Latina com a Colômbia. Muitos dizem que isso apenas iria radicalizar mais ainda a política na América Latina a ponto de começar uma guerra. Ao meu ver, uma guerra seria inviável, pode ocorrer de termos uma espécie de "guerra fria", onde os países mandariam indiretas e provocações para seus adversários, como aliás já acontece. Em todo caso, Semíramis, falar da América Latina é complicado porque em se tratando de política a tendência é sempre se polarizar, se radicalizar, demonizar os inimigos e santificar os aliados, e essa tendência chega até nós através dos meios de imprensa que também estão ligados á suas posições políticas, por isso sempre sou muito cético quando recebo notícias e comentários sobre a situação destes países. Nós não sabemos como está realmente a situação lá porque não vivemos lá, não acompanhamos a vida dos nossos vizinhos, por isso é difícil avaliar se a Colômbia está certa ou os outros países, apenas comentei aqui o (muito) pouco que sei sobre esses países. Seria interessante você fazer uma pesquisa mais aprofundada na internet sobre o assunto.

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