Vi no jornal ontem uma reportagem constatando que existem poucos monumentos ou menções á independência do Brasil em Manaus. Ora, me espantaria se houvesse tantos assim.
O Amazonas pertencia então ao Grão-Pará, uma colônia descoberta pelo espanhol Vicente Pinzón e que não estava ligada á colônia descoberta por Pedro Álvares Cabral. O Grão-Pará tinha uma estreita ligação com Portugal, graças á proximidade com a metrópole e a grande quantidade de membros da Corte na região no controle do comércio.
O Grão-Pará tinha sua dinâmica social e econômica própria: as drogas do sertão e os demais produtos da selva, incluindo aqui os peixes, tartarugas e etc, eram a verdadeira renda desta colônia. O Amazonas era a Capitania de São José do Rio Negro e não representava grande coisa quando comparado ao Pará, principalmente á cosmopolita Belém.
A falta de comunicação com a colônia ao sul também ajudava na diferenciação. A notícia da independência do Brasil chegou com um ano de atraso no Grão-Pará, a 2 de setembro de 1823. A independência para o Grão-Pará foi um grande prejuízo, como nos revela a historiadora Magda Ricci:
O Grão-Pará foi um dos primeiros locais a desejar aderir ás Cortes de Lisboa, ao constitucionalismo e ao novo império Ultramarino; entretanto, foi um dos últimos a acatar a idéia de uma união mais estreita com os povos do Rio de Janeiro e ao parlamento brasileiro. Finalmente, o Pará foi um dos territórios precursores da policultura, da média propriedade e do uso do trabalho livre, mas somente integrou-se ao Brasil retomando a monocultura ou extrativismo da borracha, o latifúndio e o trabalho semicompulsório, com a migração nordestina e o regime de endividamento característico da relação seringueiro-seringalista na cultura gomífera.
(p. 192, RICCI, Magda. O Fim do Grão-Pará e o Nascimento do Brasil: movimentos sociais, levantes e deserções no alvorecer do Novo Império (1808-1840) in: DEL PRIORE, Mary e GOMES, Flávio (orgs.) Os Senhores dos Rios. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003).
O Amazonas pertencia então ao Grão-Pará, uma colônia descoberta pelo espanhol Vicente Pinzón e que não estava ligada á colônia descoberta por Pedro Álvares Cabral. O Grão-Pará tinha uma estreita ligação com Portugal, graças á proximidade com a metrópole e a grande quantidade de membros da Corte na região no controle do comércio.
O Grão-Pará tinha sua dinâmica social e econômica própria: as drogas do sertão e os demais produtos da selva, incluindo aqui os peixes, tartarugas e etc, eram a verdadeira renda desta colônia. O Amazonas era a Capitania de São José do Rio Negro e não representava grande coisa quando comparado ao Pará, principalmente á cosmopolita Belém.
A falta de comunicação com a colônia ao sul também ajudava na diferenciação. A notícia da independência do Brasil chegou com um ano de atraso no Grão-Pará, a 2 de setembro de 1823. A independência para o Grão-Pará foi um grande prejuízo, como nos revela a historiadora Magda Ricci:
O Grão-Pará foi um dos primeiros locais a desejar aderir ás Cortes de Lisboa, ao constitucionalismo e ao novo império Ultramarino; entretanto, foi um dos últimos a acatar a idéia de uma união mais estreita com os povos do Rio de Janeiro e ao parlamento brasileiro. Finalmente, o Pará foi um dos territórios precursores da policultura, da média propriedade e do uso do trabalho livre, mas somente integrou-se ao Brasil retomando a monocultura ou extrativismo da borracha, o latifúndio e o trabalho semicompulsório, com a migração nordestina e o regime de endividamento característico da relação seringueiro-seringalista na cultura gomífera.
(p. 192, RICCI, Magda. O Fim do Grão-Pará e o Nascimento do Brasil: movimentos sociais, levantes e deserções no alvorecer do Novo Império (1808-1840) in: DEL PRIORE, Mary e GOMES, Flávio (orgs.) Os Senhores dos Rios. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003).
São José do Rio Negro ainda era uma comarca da província do Pará, mas já haviam aqueles que defendiam a sua emancipação da nova província. Nos pedidos para a criação da província do Amazonas se destaca o esforço dos deputados paraenses, na certa, tentando com isso se livrar da comarca do Rio Negro, que dava muitos problemas administrativos e economicos ao Pará. Finalmente em 5 de setembro de 1852 é dado o aval para a criação da província do Amazonas pelo governo central.
A pesquisadora Regina Márcia Lima defende que devido á fragildade econômica do Rio Negro (uma vez que seus produtos deviam ser escoados pelo porto de Belém e comprados ali) a nova província, criada tanto pelo interesse dos paraenses de se livrarem de uma onerosa comarca quanto pelo interesse do Império em expandir seu domínio territorial e cultural, a política local também passou a ser fortemente dependente, seja dos políticos paraenses como da Corte. A maior prova, segundo a historiadora, está nas fraudes eleitorais, nos estadistas eleitos (paraenses ou vindos de outras províncias á mando da Corte) e na incapacidade da elite política local se unir contra seus opositores.
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