quarta-feira, 15 de setembro de 2010

11 de setembro

Semana passada, os atentados de 11 de setembro fizeram nove anos.
Me lembro que nesse dia só ouvi a notícia depois de sair da escola, meu pai comentava com a minha mãe enquanto nos levava para casa. A primeira coisa que fez quando chegou em casa foi ligar a tv e vimos as Torres Gêmeas sendo atacadas e desmoronando.
Mesmo existindo vários canais de comunicação - todo mundo se gabava de estarmos vivendo um mundo sem fronteiras, onde a informação corre livremente e com mais velocidade ainda - ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo. Só repetiam que era um ataque terrorista. Depois descobriram um outro atentado no Pentágono e um atentado frustrado pelos passageiros de um avião sequestrado que acabou na morte de todos. E ficava nesse burburinho. Me lembro que disseram que haviam mais de 4 atentados, tamanho era a boataria.
Mas depois a poeira abaixou e percebemos que foram somente quatro, mas só o das Torres Gêmeas já bastariam para chocar meio mundo. Foi o primeiro atentado terrorista significativo em território norte-americano (antes houve um outro atentado ao World Trade Center em 1992, uma caminhonete com uma bomba no estacionamento).
Então a Al-Qaeda assumiu a responsabilidade pelo ataque e Osam Bin Laden passou a ser o inimigo número um dos EUA (nos anos 80 ele havia sido contratado pela CIA para ajudar a combater os soviéticos no Afeganistão, o mundo dá voltas). O presidente Bush invadiu o Afeganistão e disse que Saddam Hussein ajudou os terroristas acobertando-os e dando munições á eles. Aí começou a Guerra do Iraque. Na tv só se falava na guerra, mostravam vídeos das bombas teleguiadas atacando Bagdá. A ONU dizia que tentava impedir uma guerra, mas suas visitas e inspeções ao Iraque não adiantaram muito. Ficava a impressão de que os EUA poderiam invadir qualquer país que quisesse.
Virou costume ver nos noticiários atentados de homens-bombas contra soldados americanos. E aquelas fotos sobre as torturas em Abu Grhaib não surtiram muita surpresa nas pessoas. Só agora, quase oito anos depois, que as tropas americanas estão saindo do país. A impressão que eu tive, olhando bem, era que depois de um momento de empatia para com os EUA, devido aos atentados, veio logo a antipatia, com o início da guerra do Iraque. De repente, o atentado virara pretexto para guerra, para explorar o petróleo de um tirano caquético. E a população apoiava, movidos pela dor de perderem seus amigos e parentes e pelo medo disso acontecer de novo.
Hoje, os próprios norte-americanos, a maioria, reconhecem que os anos Bush, principalmente pós-11 de setembro, foram um desvirtuamento de tudo que acreditam (o ideal de liberdade que dizem estra presente na fundação de seu país). No entanto, não é de hoje que os EUA agem assim; basta nos lembrarmos das intervenções na América Latina no século passado, além das guerras da Coréia, do Vietnã, do Golfo. O que aconteceu é que desde o fracasso do Vietnã eles se desiludiram dessa "defesa do mundo livre" e com o 11 de setembro passaram a se perguntar "por que o mundo nos odeia?" ou "por que lutamos?" (aliás, título de um ótimo documentário).
O atentado criou um interesse pelo Oriente Médio, os livros e idéias de Bernard Lewis e Edward Said passaram a ser discutidos e até apropriados pelos mais variados discursos. E a guerra desiludiu a todos sobre o líder nacional do momento, pois as despesas cresciam, a economia ficou sob a mão de cartéis, gerando a crise de 2008.
O 11 de setembro, como podemos ver, é muito importante para entender o contexto mundial, pois fala não só do momento em que passa o Ocidente, como também o Oriente. É também um episódio rico em interpretações e emoções. Foi um momento onde pudemos ver o melhor do ser humano através de atos heróicos, principalmente dos bombeiros na tentativa de salvar as vítimas dos atentados, e também vimos o pior, através da perseguição e intolerância para com grupos desvinculados ao terrorismo e a defesa da guerra e da tortura. De qualquer maneira, uma coisa é fato: o 11 de setembro criou muitas cicatrizes na América, para o bem ou para o mal.

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