quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Economia e Extinção


Uma das palavras-chave na história da Amazônia tem sido o massacre, presente nestes séculos não só nas relações entre culturas (colonizador e nativo), mas principalmente entre homem e natureza.
A devastação da floresta era um projeto criado pela empresa colonial justamente para se estabelecer uma região produtiva na Amazônia, mas pela falta de recursos não foi totalmente posto em prática. A necessidade de lucro motivou a empresa colonial a se utilizar de produtos naturais, como os peixes, as frutas e as tartarugas.
As tartarugas na Amazônia fazem parte de um dos mais tristes episódios de massacre ecológico, quase um genocídio por assim dizer. Já era costume, antes do colonizador chegar, se nutrir e se enfeitar desse animal, no entanto, de forma esparsa. Com a colonização a procura pelo animal se tornou primordial. É importante que se diga que a carne de tartaruga e o seu casco não eram os principais produtos desse comércio, mas o óleo originário de seus ovos. Esse óleo, que segundo o viajante inglês Henry Bates era necessário esmagar mais de 92 ovos, servia como combustível de iluminação e, principalmente, como ingrediente de uma espécie de manteiga muito apreciada na região e na Europa.
A espécie mais atacada era a Tartaruga da Amazônia, seguida pelo Tracajá, Inaçá e o Muçuã. Este era ferozmente capturado no Pará, sendo uma surpresa essa espécie ainda estar viva (para pegá-las colocavam fogo em suas tocas e eram vendidas ás pencas pelas feiras, tornando-se conhecido na capital e fora dela a "casquinha de muçuã"). Ainda na colônia percebeu-se que se esse ritmo continuasse as tartarugas sumiriam em poucos anos, tanto que o governador da capitania do Grão-Pará Manuel Lobo D'Almada criou leis para fiscalizar os tabuleiros (locais de desova da tartaruga, onde são capturadas).
Cada praia tinha seu comandante real, cargo não remunerado mas prestigioso, que dividia a praia em áreas para cada família de pescadores. Na época da desova as famílias vinham e esperavam o momento certo delas colocarem seus ovos para então virá-las (imobilizando-as) e pegar seus ovos.
Há de se ressaltar que haviam outros animais visados: jacarés (pela carne e pelo couro), onça (pele), tucanos, macucos, inhambus, saracuras, garças, galos da serra (pelas penas) e o carro-chefe da economia colonial amazônica, os peixes. O peixe sempre foi parte, e considerável, da cultura amazônica, mas na colonização a pesca atingiu uma amplitude maior. Haviam áreas próprias para a pesca, os chamados Lagos Reais. O mais cotado era o Pirarucu, o "bacalhau amazonense".O peixe-boi também era muito caçado, isso porque sua carne e gordura, cozinhadas juntas, formavam a mixira, um dos produtos mais exportados no Pará.
Hoje o Pirarucu não corre mais um risco considerável de ser extinto, ao contrário do Peixe-boi. Quanto as tartarugas, elas vem sendo protegidas pelo governo desde 1970, sua caça é estritamente controlada, embora o mercado negro ainda aja na Amazônia.

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Por curiosidade, aqui tem uma lista dos maiores animais da Amazônia, estando o Pirarucu e a Tartaruga da Amazônia dentre eles.

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