Quadro de Johanna Harmon. |
Conheço muita gente que se arrepende de ter entrado na faculdade por causa da carga de leitura. Também conheço muita gente que não sabe como interpretar textos.
A leitura faz parte da educação, uma vez que a nossa cultura (ocidental) é baseada na escrita. Mesmo quem se dedica á matemática tem que se prender á leitura dos enunciados e sabemos que uma frase mal interpretada cria um verdadeiro problema, seja nas Ciências Exatas ou nas Ciências Humanas.
O Brasil é um dos países onde mais existem analfabeto funcionais, ou seja, aqueles que sabem ler e escrever parcialmente, ou "o básico" como eles mesmo dizem. Se o próprio ato de ler já é fraco, imagine então o ato de interpretar textos.
Interpretar e analisar são atos que exigem autonomia e responsabilidade. São atos que devem ser estimulados justamente para criar um sujeito crítico. Se a função da educação é, como discutimos aqui antes, formar indivíduos independentes e críticos, então a leitura tem um papel fundamental não só na universidade como em toda escola.
O que está acontecendo hoje é a consolidação do analfabeto funcional, aquele que só sabe assinar o nome e não sabe distinguir em um texto uma frase irônica de uma incisiva. Ler incentiva a escrita; o contato com os mais variados tipos de texto ajuda a entendermos os mais variados estilos e formas discursivas. Esses estilos e formas discursivas são importantes por quê, você me perguntaria. Ora, a escrita é uma forma de se expressar. Todos nós precisamos construir nossa forma de expressão, seja através das imagens, dos sons, etc. A escrita é uma das mais utilizadas e mais importantes. A escrita exige um ordenamento de idéias e um esclarecimento que ajuda e muito as pessoas a se expressarem melhor. Um sujeito que não sabe se expressar é um sujeito silenciado, que vive ás custas da voz dos outros, ele nunca será independente.
Todo texto carrega uma mensagem. Nem sempre ela está clara. Você como leitor tem de decifrá-la e para isso deve estar ciente dos muitos recursos que um autor pode utilizar. Entender o contexto em que esse autor escreveu pode te ajudar também a encontrar sua real mensagem. Ler, como podem ver, é um exercício de investigação.
Mas só ler não basta. Educação não é só leitura ou escrita, mas um pouco de tudo. A escrita é apenas uma ferramenta para nos entendermos, mas pode ser também um instrumento educacional se usada como maneira de estimular a expressividade e criatividade dos alunos. Mas ela deve vir sempre acompanhada de outros instrumentos que favorecam o despertar da autonomia desse aluno. Não podemos nos esquecer e menosprezar as demais formas de expressão.
Um aluno que consegue captar as mensagens de textos e imagens e que sabe se expressar bem é um exemplo sim, mas devemos ter em mente que estas características devem ser constantemente valorizadas e preservadas. Deve-se criar essa hábito, como muitos dizem. Um aluno que sabe interpretar textos não é um aluno 100% autonômo, mas já é alguma coisa. A semente foi plantada. Depende dele se a leitura e a escrita será cultivada.
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