GAROTO DIZ VIAJAR NO TEMPO. Essa
manchete chamou o Dr. Calamar para a cidade. Ele quer analisar o caso de Dan.
Alguns minutos á sós com o garoto é tudo o que pediu ao diretor do sanatório.
Dan se revelou um garoto frágil. Seu corpo afundava-se na cama como se
estivesse em uma banheira. Parece um caso de anemia grave. Vomita tudo o que
damos, respondeu a enfermeira. O incrível é que nunca tem fome, concluiu o
diretor.
Depois de se apresentar e sentar
ao lado do paciente, o bom doutor, sem retirar os óculos escuros, começa a
perguntar coisas. Coisas estranhas. Suas alucinações falam de bombas. Que tipo
de bomba? Nucleares? Chegou a visitar o passado? Pra onde foi, mais
especificamente.
E terminou o exame com a pergunta
com que se abre geralmente a conversa: como você faz pra viajar no tempo? Muito
estranho. Dan percebeu algo de sinistro no seu olhar escondido pelas lentes.
Médicos não usam luvas negras como essa.
-Eu simplesmente faço.
Essa foi a resposta seca e com
uma pitada de deboche no final que o doutor obteve. O paciente já sabia que não
era um exame, mas um verdadeiro interrogatório. Calamar pegou sua pasta e
retirou uma foto de um objeto. Objeto familiar para Dan: quando foi preso
estava portando-o. Lembra um pente.
O que você faz com isso? É o que usa
para ir aonde quer? Como isso funciona?
O doutor saiu. Não foi preciso
gritar ou carregar nas palavras para expulsá-lo. Simplesmente calou-se.
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