quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Metrópole


Ás vezes a vida imita a arte, outras a arte imita a vida. Mas sempre, a vida dá algumas dicas á arte.
Outro dia, descobri em um post de Bráulio Tavares um curioso livro chamado São Paulo no anno 2000, ou Regeneração Universal – Chronica da Sociedade Brasileira futura (1909) de Godofredo Emerson Barnsley, no qual o autor, um notável dentista paulistano descendente de norte-americanos, fala de um homem que dorme numa praça no centro de São Paulo e acorda no ano 2000 em uma verdadeira super-metrópole. Em vez dos 320 mil habitantes, agora a cidade tinha um milhão. As conquistas na saúde e na educação eram imensas. A cidade era cheia de arranha-céus.
Claro que se trata de uma utopia, mas uma utopia que, como todas as outras, leva as marcas de seu tempo, sendo a marca em questão o sentimento de progresso e desenvolvimento que São Paulo carregava em si, para os paulistas. Esse ideário do gigantismo paulista deu origem aos mitos dos heróis-bandeirantes e esse esquecido livreto de ficção científica. Esse ideário era parte de um projeto social, de um projeto de hegemonia nacional. Hegemonia essa que "deu" no Café-com-Leite.
Mesmo tendo o projeto fracassado em partes (com a subida de Getúlio Vargas e os governos consequentes), São Paulo continuou se desenvolvendo e se tornou mesmo uma metrópole que influi nos rumos do país. Barnsley, que morreu em 1935, não viu sua Paulistânia se tornar a metrópole que é hoje, com alguns traços dos quais ele previu em sua obra e outros aspectos nem tão futuristas assim.

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