sábado, 30 de junho de 2012

Batismo de fogo


Sou tímido. Quem me conhece sabe. Na realidade, com quem eu conheço não costumo ser tímido. Resumindo, sou meio bicho-do-mato e isso não é novidade pra você que acompanha esse blog sempre (ou seja, estou falando contigo, mãe!).
Mas eu aceitei o desafio de superar o medo de falar em público. Afinal, em breve serei um professor (assim espero!) e como posso sê-lo se não consigo me comunicar com muitas pessoas? Os seminários, por mais assustadores que fossem, me ajudaram muito. Treinei e sinto que ainda tenho muito que treinar para conseguir ser suficientemente calmo, seguro e claro na minha fala.
Portanto vocês devem imaginar como eu fiquei a saber que teria de defender meu trabalho de conclusão de curso um período antes do esperado. Para mim isso significa o batismo de fogo para minha timidez.
Acontece que nessa sexta eu passei por essa prova. Para minha surpresa compareceram mais pessoas do que o esperado. O que contribuiu para a minha ansiedade ter aumentado um pouquinho mais.
Chegou a hora. Encarei a tarefa. Ao meu ver, me empolguei demais, gaguejei demais, me perdi em algumas gírias. Mas a maioria diz que fui bem.
Me aconselharam que me centrasse no processo da pesquisa. Afinal se trata de um trabalho acadêmico e os professores e os demais alunos tem que acompanhar como cheguei a certa conclusão. Como meu tema é basicamente uma revisão historiográfica então não tinha nem como eu fugir dessa questão.
Abordei minha problemática inicial, meus objetivos, os conceitos que utilizei (o referencial teórico), o modo como usei as fontes (a metodologia) e no finalzinho consegui falar ainda dos resultados. Ou seja, das minhas considerações.
Tentei ser claro ao abordar esses pontos. Quem não conhecia Arthur Cézar Ferreira Reis passou a conhecer. Bati muito na tecla de que a sua experiência e sua opinião política influenciavam a sua escrita da história. E acho que me fiz entender nesse ponto.

Quando a palavra foi passada á banca examinadora, congelei. Fiquei comovido com o elogio da Profa. Elisângela Soares. Quanto ás perguntas, tanto dela como da Profa. Adriana Barata, foram extremamente pontuais e sinto que algumas não consegui responder de todo, até por causa da falta de tempo. Aliás, a defesa até gerou uma discussão interessante de parte da banca como da platéia também sobre Arthur Reis e o Amazonas.
Não poderia deixar de falar, é claro, do meu orientador, Prof. Arcângelo Ferreira. Seu depoimento foi mais do que emocionante. Se muitas pessoas tivessem a metade da paciência, da humildade e da sabedoria desse homem... Não sei nem como agradecer pela ajuda e pela amizade. O senhor será sempre um dos meus mestres, tanto no que tange ao conhecimento quanto na ética. Muito obrigado por tudo!
Eu queria poder agradecer a todos que me parabenizaram depois da apresentação. Aos que não só me parabenizaram como me incentivaram a prosseguir na pesquisa e na docência. Muito obrigado a todos. Em especial á minha família, que pode comparecer ao evento. Senti como se fosse avaliado por duas bancas examinadoras: uma dos professores e outra dos meus pais. Ambas de pessoas queridas e sinceras. As contribuições que ouvi dos dois lados só me aguçaram mais.
Enfim, é isso! Mais um passo foi dado. Espero que seja um de muitos na minha carreira acadêmica.


(Todas as fotos aqui são de autoria de Maurílio Sayão).

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Alguns conselhos de um mestre


Na revista da Academia Amazonense de Letras n. 31 (Dezembro de 2011), Jorge Tufic nos presenteia com um ensaio chamado A Palavra na Ficção que é uma verdadeira "mão na roda" para quem quer começar a escrever contos. Coloco aqui abaixo apenas alguns trechos do texto:

Comecemos pelo emprego exagerado de lugares-comuns e gírias. Os livros estão cheios de "nariz aquilino", "lágrimas de crocodilo" e outros chavões. Se não é possível a metáfora, que se descreva o nariz do personagem com criatividade.
(...)
O mau uso dos diálogos tem sido outro pecado de muitos escritores. É o caso de personagens do tipo Zé Perequeté falando como literatos, isto é, o oposto do uso excessivo de gíria ou transcrição da fala do joão-ninguém. José de Alencar é criticado por ter posto nos lábios de seus índios o modo de falar dos portugueses. O romantismo tinha lá, porém, suas leis, como a de que os diálogos nunca reproduzissem a fala dos "sem-fala". O sertanejo que falasse como o doutor da cidade, com acatamento e respeito às normas gramaticais.
(...)
Passemos aos personagens. Um dos erros mais comuns é o excesso de personagens em contos. A não ser que somente dois ou tres deles participem diretamente da ação. A primeira causa disso será o surgimento de personagens desnecessários, sem lugar na ação, supérfluos. Depois, a confusão no enredo. O tamanho da narrativa não comporta muitos personagens.
(...)
Vejamos a descrição dos personagens. O narrador não precisa descrever o caráter dos personagens. Se fulano é mau ou bom, não cabe ao narrador qualificá-lo e, sim, ao leitor. Suas ações e suas palavras o pintarão aos olhos do leitor.
(...)
Agora a questão do narrador. Durante muito tempo prevaleceu em prosa de ficção a onisciência do narrador, fosse personagem ou não. Tudo mudou a partir de James Joyce, porém. O narrador onisciente desapareceu. Os pensamentos dos personagens não podem ser do conhecimento do narrador. "Fulano tencionava matar sicrano". "Ele se sentiu culpado por alguma coisa" A interferência excessiva do auto-narrador é um mal maior para a narrativa.
(...)
Em suma: para escrever boa prosa de ficção é preciso, além de conhecer todas as técnicas de narrar e muito talento, saber lapidar, transpor, alterar, substituir, riscar, cortar, remendar, costurar palavras, frases, parágrafos inteiros. E não ter medo do cesto de lixo, ser cruel consigo mesmo.

Poeminha á quatro mãos

A ÚLTIMA GOTA
Cainã Ito e Vinicius Amaral

A chuva mata a sede dos melancólicos

Afogando os eufóricos
Refrescando os iludidos

Cada gota um temperamento
Cada pingo uma lembrança

Torneira se fechou
A última lágrima caiu
Na beira do precipício ficou.

Dissecando os porões da ditadura


Cláudio Guerra é um nome pouco conhecido fora do Espírito Santo. Ou pelo menos era, porque depois que   ele decidiu dar um depoimento aos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros ganhou fama nacional. Já concedeu várias entrevistas, uma delas, a de maior repercussão, foi ao jornalista Alberto Dines no Observatório da Imprensa.
Dines teria dito em um artigo que Hannah Arendt estava certa: tinha acabado de conhecer a banalidade do mal ambulante. Isso porque Guerra parece uma pessoa comum e até simpática, em nada lembra a nossa imagem dos torturadores sádicos da ditadura militar. E olha que nem torturador ele era: Cláudio Guerra era um matador do regime. Dines sentiu o mesmo espanto de Hannah ao descobrir que Adolf Eichmann, que mandou vários judeus para os campos de concentração, não passava de um homem comum e não um monstro.

Preso por assassinatos posteriores ao fim do regime militar, Guerra encontrou a religião, se tornou evangélico. Decidiu que o melhor a fazer era revelar o que fez, não sei se por culpa. Em suas entrevistas ele não conta todas as suas execuções como se delas orgulhasse ou sentisse vergonha, mas como se fosse um interrogatório formal. Talvez, num momento em que tanto se fala em descobrir a verdade, Guerra tenha sentido o desejo de contribuir para entendermos o que aconteceu de fato no país.
Seu livro, Memórias de uma Guerra Suja, me surpreendeu e muito. As histórias poderiam render um bom filme a la Tarantino. São tantos e tantos dados que não sei por onde começar. Deixarei para falar dos mais impactantes outro dia, hoje tentarei falar dos mais interessantes para quem estuda esse período:

a) A comunidade de informações agia perfeitamente de acordo com os aparelhos repressores. Os nomes eram conseguidos através de grampos telefônicos, missões de tocaia e até pela tortura. Alguns eram investigados ou executados pelos grupos clandestinos. Todas as peças se encaixando.

b) Esses grupos clandestinos são uma equipe de espiões e matadores, comandados por um oficial superior ligado ao governo. Ou seja, a maior parte do grupo não pertencia á alta esfera do governo, mas estava ligado á ele.

c) Quem fazia as vezes de espiões e matadores eram os policiais. Essa talvez seja a revelação mais interessante: os militares, segundo Guerra, não tinham familiaridade com o mundo da repressão tão bem quanto os policiais que nele se infiltraram há décadas.

d) As operações secretas de extermínio começaram na década de 1970, segundo Guerra, e os fundos para essas ações eram arrecadados entre artistas, bicheiros e empresários. Todos simpáticos ao regime, seja pela ideologia ou simplesmente por motivos práticos - defender os seus interesses.

e) Como já foi dito, os matadores eram recrutados entre os esquadrões da morte e as delegacias civis. O detalhe maior é que para manter o sigilo eles eram utilizados muitas vezes em ações longe da sua terra natal. Cláudio Guerra, por exemplo, é do Espírito Santo, mas atuou em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

f) Havia intercâmbio não só entre os estados, mas entre os países da América do Sul. O livro apenas confirma a Operação Condor, ou seja, a colaboração entre os governos militares do continente como o Chile, Argentina, Brasil e Uruguai na tortura e morte de seus opositores.

g) No começo, as procuradorias federais serviram como sede provisória para o Serviço Nacional de Informações (SNI). Isso abala um pouco o papel que as instituições jurídicas desfrutavam de oposição velada ao governo e defensora do regime democrático durante a ditadura.

h) Os corpos eram jogados ao mar, enterrados em terrenos baldios ou incinerados, como o grupo de Guerra fazia em uma usina em Campos (RJ).

i) Nem todos os membros dos grupos eram entusiastas do regime militar: o livro constrói uma imagem do temível delegado e torturador paulistano Sérgio Fleury como um homem oportunista e ganancioso, que por isso se envolveu com o crime organizado.

j) Havia uma confusão interna no governo - tanto na comunidade de informações como nos aparelhos repressores. Não temos essa impressão porque os militares sabiam como esconder essa anarquia por meio da censura. Os interesses de alguns setores do governo e de seus funcionários conflitavam muitas vezes. Isso sem falar que muitos se aproveitaram das novas ferramentas do regime para se beneficiarem.

l) Após a decisão da abertura essa confusão aumentou, porque as alas mais radicais e mais beneficiadas com o governo não queriam que a situação toda mudasse. Daí muitos grupos de linha dura terem tentado atrapalhar a redemocratização com atentados e notícias falsas.

m) Quando perceberam que a redemocratização era um caminho sem volta, começou a queima de arquivo. Os envolvidos nas operações que não respeitassem o voto de silêncio eram mortos, como foi o caso de Fleury segundo o depoimento do delegado capixaba. Muitos escolheram sobreviver no crime organizado, como foi o caso do próprio Guerra que se tornou bicheiro. Outros criaram mais grupos de extermínio e continuaram na polícia.
Esse é Cláudio Guerra atualmente.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Mais uma prova de que aqui a poesia é uma doença tropical:

A VÁRZEA
ALDÍSIO FILGUEIRAS

A várzea sofre
tantas cirurgias plásticas
que o olho
arguto dos práticos
se perde
na ciência do rio.

O rio não se decide
A terra não pára

A margem
figura
e
geografia nômades
tem os seus dias contados
tem os seus dias contados

mas é aí que o homem
se planta e vegeta
sua rude solidão.

(Estado de Sítio, 1968).

terça-feira, 12 de junho de 2012

www.utopia.com


Na era da informação não são raros os dilemas que surgem aqui e ali por conta justamente da informação. Ou melhor, do jeito como essa informação é transmitida. Creio que seria melhor chamarmos essa como a era da informação compartilhada, uma vez que no século passado a informação ganhou a notoriedade que desfruta hoje graças á imprensa, a TV e o rádio.
Hoje temos a internet e em menos de dois minutos já sabemos o que aconteceu na Birmânia á um minuto atrás. O mundo ficou mais pequeno. E essa é uma das razões da internet fazer parte da utopia da globalização: a informação não tem mais fronteiras, é o que dizem. No entanto, que tipo de informação estamos falando? Não nos iludamos: as grandes corporações também existem no mundo virtual e podem manipular as notícias tanto como os donos dos grandes jornais.
Claro, a capacidade de alguém comum ter maior visibilidade agora é maior do que nos tempos do rádio. Você pode editar conteúdos e até acessar documentos secretos, como os hackers fazem. Um bom exemplo desse lado subversivo da internet foi nos dado pela Wikileaks de Julian Assange que apresentou ao mundo vários relatórios secretos do governo norte-americano.
Mas ainda assim, a internet continua sendo um território cheio de tensão. Nos blogs, principalmente os políticos, em tempo de eleição ou de algum novo escândalo de corrupção, os ataques explodem. Nas redes sociais há a perseguição á pessoas acusadas de terem feito algo terrível. Muitos também, se beneficiando do anonimato ou de uma identidade fake, passam a pintar e bordar por aí.

O otimismo digital voltou á cena quando eclodiu a Primavera Árabe, onde a maioria dos movimentos, principalmente no Egito, foram organizados por meio das redes sociais como o Twitter. O potencial político e emancipador da internet voltou a ser ressaltado. A rapidez e o nível de alcance das mensagens fez com que muitos outras bandeiras fossem defendidas via web.
Hoje já temos pessoas que se definem não só politicamente através do mundo virtual, mas também em outros sentidos. As comunidades no Orkut ou as páginas e grupos no Facebook servem como evidências dos traços culturais e pessoais que os usuários buscam afirmar.
E então? A internet é tudo isso que se tem dito ou não? Eu acredito que sim. Ela pode ser isso tudo e mais um pouco. Levamos um tempo para digerir o impacto dessa invenção, para nos livrarmos de algumas expectativas e criarmos outras. Mas talvez daqui há um tempo o mundo virtual e o mundo real não sejam tão distantes como parecem ser. Eles podem vir a se tornar complementares, como os últimos acontecimentos tem nos provado. Afinal, a internet é apenas uma ferramenta. As ferramentas em si não são nem boas nem más. Isso depende do modo e da intenção em que elas são usadas. A internet pode nos fazer engolir algumas mentiras, assim como também pode esquentar a chapa de alguns ditadores. Ela é ambígua, porque o ser humano é ambíguo.

domingo, 10 de junho de 2012

Herói


Voava, vigiando a cidade(sala). Caçando a injustiça.
Esbarrou no seu arquiinimigo. De nada adiantou seus superpoderes, o irmão de sua mãe descobriu sua kriptonita:
"Ah, então você sente cócegas, né?..."
*
Brincava no quintal quando viu a fumaça. Lembrou do irmão pequeno lá dentro da casa. Saiu dela carregando o bebê, antes que explodisse. Roberto virou o Menino-Aranha. A heroicidade passou, a faculdade passou e agora ele tem outro codinome: Dr. Macedo.
*
O careca da praça. Todo mundo odiava o careca da praça. Era tão chato o careca da praça. Era tão doido o careca da praça. Um dia uma menina foi atacada por um cachorrão bem na frente do careca da praça. Pulou na frente dele o careca da praça. A menina correu e o careca da praça segurou o cachorro. Faleceu uns dias depois o careca da praça. A prefeitura fez um busto para o careca da praça. Desde então essa é a Praça do Careca.

sábado, 9 de junho de 2012

Quando? Quando?

Diego Gatto

(...) Quando foi que os nossos beijos se transformaram nisso? Quando foi que eu coloquei pelos teus lábios uma Gillette entre as gengivas? Quando foi que eu senti os carinhos das tuas mãos me esmagarem como um trator pavimentando uma via que você precisava passar? Eu era uma floresta, e você precisava de um boulevard. Eu precisava que você voasse entre meus galhos, entre minhas árvores, entre meus sons e minha umidade, que você fecundasse minhas plantas; mas... Mas você precisava de uma passarela. Você precisava da cidade que eu não sou; e então, você se feriu em quedas e arranhões quando viu as corujas que arrebatam meu céu quando escurece por detrás dos meus olhos.

Ao mestre com carinho


O jornalista e cronista Ivan Lessa faleceu. Faleceu longe de casa, em Londres. Onde se auto-exilou desde... há muito tempo. Lessa foi e levou consigo um Rio de Janeiro folclórico, idílico. Sempre pensei nele como o irmão-gêmeo de Sérgio Porto e primo de Millôr Fernandes. No que se refere á escrita: sempre ácido, mas com um estilo informal, um jeito muito carioca de se escrever.
O Rio antigo se foi. Lessa se foi. E o que fica? Sua obra. O Rio antigo e Lessa estarão preservados em suas crônicas. E é isso que me conforta por hora.
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Recomendo essa homenagem de Ricardo Acampora ao mestre: O londrino carioca.

Social-democracia: o que é isso?


Difícil dizer. Esse conceito tem adquirido vários sentidos com o passar do tempo.
A primeira vez que ele foi utilizado foi ainda no século XIX. Nessa época muitos partidos e sindicatos se diziam democráticos. Em 1875 surge um que se denomina Partido Social-Democrata Alemão, conciliando dois termos que até então eram opostos.
Marx pregava a revolução como forma de se chegar ao socialismo. No entender dele, a democracia é uma forma de governo burguesa. Já Karl Kaustky, economista alemão, pensava diferente: o socialismo poderia ser alcançado por meio da revolução. Uma vez no poder, líderes comunistas poderiam mudar as leis, beneficiar os trabalhadores.

Rosa Luxemburgo criticou muito Kaustky por esse posicionamento. Lênin chamou-o de renegado por ter apoiado a Alemanha a entrar na Primeira Guerra Mundial. Kaustky acreditava que com a guerra a Alemanha poderia fortalecer-se economicamente e com isso fortalecer sua democracia.
Passam-se os anos e chegamos ás últimas décadas do século XX, quando o mundo parece estar se dividindo entre neoliberais e comunistas. Um grupo de sociólogos ingleses, como Anthony Giddens e Robert Putnam, repensam a social-democracia. Eles acreditam que menor intervenção do Estado na economia e assistência social por parte do governo á questões como a pobreza e a educação não são atitudes antagônicas.

Ou seja, eles conciliam a política econômica do neoliberalismo com a preocupação social do Estado de Bem-Estar Social e do comunismo. Por isso essa corrente ficou conhecida como Terceira Via. Desde cedo ela conquistou a simpatia do povo e o apoio de políticos como Bill Clinton e Tony Blair. A Europa foi por muito tempo o bastião da social democracia moderna (Estados Unidos e Austrália também).

E no Brasil? Em que pé anda a social-democracia? Veja só a situação curiosa de nossos partidos: o Partido Democrático Trabalhista (PDT) se declarava um herdeiro do trabalhismo de Vargas e um discípulo da social-democracia de Giddens, mas o Partido Social-Democrata do Brasil (PSDB) já denunciava no nome a sua filiação. Só que nesse caso, eles se declaravam mais vinculados ao modelo inglês que á corrente marxista (que ainda sobrevive). O caso é que o PSDB se popularizou como defensor do neoliberalismo. Seu maior adversário, o Partido dos Trabalhadores (PT) nasceu trotkista, mas quando chegou ao poder se tornou, segundo muitos, social-democrata. Por quê? Na política econômica continua neoliberal, a não ser pela defesa do empresariado nacional. E a preocupação social é o que tornou o governo de Lula e agora de Dilma tão polêmico e ambíguo.
Assim, tanto o PDT como o PSDB e o PT hoje são social-democratas. Estranho não? Isso ocorre porque a social-democracia é um movimento moderado, concilia posições radicais. Por ser tão amplo abriga tantas posições políticas diferentes. Posições que se diferenciam por poucos pontos: um passo mais para atrás e você se torna da centro-esquerda, outro mais para o lado e você se torna centro-direita.

MIB-3


Contrariando minhas expectativas, MIB 3 foi um bom filme. As referências foram bem sagazes, as piadas funcionaram bem, não atrapalharam o enredo, e não achei ele tão sentimentalóide como Rubens Ewald tinha dito.
A história, resumindo, é sobre um bandido intergaláctico que volta no tempo para matar K (Tommy Lee Jones). J (Will Smith) vai em seu socorro e encontra um K (muito bem interpretado por Josh Brolin) diferente do amargurado parceiro com que está acostumado a trabalhar.
Senti falta da presença de três personagens: Zed (Rip Torn), o chefe dos homens de preto; o cachorro falante e o muambeiro alienígena (Tony Shalhoub) que sempre perdia uma cabeça quando os agentes vinham visitá-lo. Embora tenham explicado a ausência de Rip e tenham feito referências ao cachorrinho, não sei, acho que faltou maiores explicações.
Quinze anos depois do lançamento do primeiro filme, essa continuação fez muitas homenagens á ele. O novo olhar para com a agência (mesmo que seja a agência do passado) revela um pouco disso. Só que a história também foi além - esse é o grande diferencial dessa continuação para a segunda. Ela nos mostrou algo mais, uma história subterrânea. Conseguiram uma proeza (no mundo das continuações hoje essa é uma proeza realmente): serem fiéis á história e originais ao mesmo tempo. No final do filme, com os créditos veio a surpresa: o roteiro era de Ethan Cohen. Tá explicado.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Dois movimentos, duas ações



Os homens são em um mesmo tempo submetidos a dois movimentos: o terror que intimida, e a atração, que comanda o respeito fascinado. O interdito e a transgressão respondem a esses dois movimentos contraditórios: o interdito intimida, mas a fascinação introduz a transgressão.
Mário Vargas Llosa, escritor peruano.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Governo planeja mudar cédulas nacionais

Em breve na Casa da Moeda ou na Banca do Bicho:

Demarcação da preocupação


Nos anos 80, falar de Globalização era ser otimista: viver em um mundo sem fronteiras. Que lindo!
Hoje, isso parece uma ingenuidade sem tamanho. Quantos países não tem suas fronteiras fechadas. Ora, o caso do Estados Unidos é o maior exemplo disso. Quem não conhece o drama dos imigrantes mexicanos que tentam atravessar a fronteira americana passou os últimos anos vivendo numa caverna.
Não há fronteiras para o capital e para informação, mas para as pessoas pouca coisa mudou. Como pensar num mundo sem fronteiras hoje com tantas ameaças? Tráfico de drogas, terrorismo, contrabando, etc.  Num mundo cada vez mais internacionalizado, as ameaças se tornam internacionalizadas também. 
Esse é um problema que nos afeta também: afinal, a grande crítica que se faz no combate ao tráfico no Brasil é relativa ao controle das fronteiras. A Amazônia e os pampas são peneiras furadas ainda. Mas nem todas as ameaças são criminosas.
Num mundo sem fronteiras, a xenofobia se tornou uma febre. Até nós que nos declaramos como anti-racistas somos contaminados (ou será que afloramos o que escondemos de todos?) quando de repente vemos milhares de haitianos tomando empregos pela cidade. Há quem diga que são abusados, folgados e por viverem em péssimas situações de vida podem se tornar criminosos. Qualquer um pode se tornar criminoso. E em relação ás características que lhes atribuem: será que encarar empregos de baixa remuneração é ser folgado ou agarrar oportunidades, diante de um quadro tão desalentador?

Enfim, a xenofobia é uma velha conhecida da Europa também. Ninguém encarnou melhor o espírito dos novos tempos como a Europa quando no final dos anos 80 decidiu se transformar em um bloco unido e coeso, para além das diferenças culturais entre as nações, em nome de uma maior representação econômica e política no cenário internacional. Estou falando da União Européia.
As diferenças culturais permaneceram. As políticas também. Mas quando se trata de defender interesses comum a todo esse continente, os países sentam na mesma bancada sem hesitar. Criaram o euro como forma de valorizar suas transações internas e por um tempo elas foram tão bem sucedidas que cogitou-se que ele tomaria o lugar sagrado do dólar na economia internacional.
A posição da União Européia em relação a política internacional também é coesa, com exceção de alguns casos (como o apoio da Inglaterra á Guerra no Iraque ou da Turquia no acordo diplomático do Brasil com o Irã). O que eles procuram é demonstrar que são agora um bloco tolerante, respeitando os assuntos de países externos. 
Mas, voltemos á vaca fria, mesmo com tanta compreensão e tolerância na política externa não se pode evitar que o povo de um país pense diferente de sua cúpula política. Ora, com todo esse cenário promissor na Europa muitos imigrantes se direcionaram para lá. Principalmente os africanos, antilhanos e árabes. A grande reclamação do povo europeu tem sido a invasão na cultura e nos empregos de seus países por essa massa de imigrantes.

Com as crises econômicas, aumentam o número de imigração e diminui a capacidade do governo de administrá-la. Com medo de uma imigração em massa de árabes (por conta da Primavera Árabe) e gregos (por causa da crise econômica) o presidente francês Sarkoky e o primeiro-ministro Berlusconi pediram uma revisão do Acordo de Schengen.
O que vem a ser o Acordo de Schengen? É um tratado assinado entre os países da União Européia onde eles reafirmam a sua cooperação jurídica e policial, o que leva a diminuírem o rigor do controle sobre as suas fronteiras. A Europa, em outras palavras, tinha se tornado um bloco sem fronteiras (volto a dizer, com algumas exceções). Houve até agora só uma oscilação no rigor, durante o momento após os atentados terroristas em Madrid, mas já tinha passado.
Sarkozy e Berlusconi pediram a revisão desse acordo, mas a reunião para realizar um novo tratado só foi programada para ser realizada agora, quando os dois já saíram de cena. A Grécia taí, agonizando. A França parece que mudou de ares. A Primavera Árabe não terminou ainda e se depender da Síria não vai terminar nem tão cedo. Ou seja, será que a Europa vai mesmo se fechar dentro de si mesma depois de tantas mudanças?
Enfim, as fronteiras e a xenofobia ainda são realidades concretas. Parece que a Globalização longe de acabar com elas, só as reafirmou.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

A Grande Arte


-Publicado no Recanto das Letras em 11 de Junho de 2011.

Outro dia me lembrei daquela polêmica do blog da Maria Bethânia ( a cantora baiana tinha ganhado quase dois milhões para manter o seu blog pelo programa de incentivo á cultura) e comecei a pensar nessa relação conflituosa entre arte e dinheiro.
Inegável que o dinheiro tem um papel fundamental na arte: seja a sua presença ou a falta dela. Peter Gay, historiador alemão, ao se debruçar sobre a arte moderna acredita que a condição de marginal é um das principais características do artista moderno - ele vivia sempre ás custas de um mecenas generoso ou tentando se manter com as próprias pernas em outros serviços menos nobres.
Segundo o mesmo historiador, hoje a situação se inverteu: o artista é valorizado. A maior vitória do artista moderno, segundo ele, é a conquista de um campo próprio, a arte agora possui sua autonomia ao invés de se vincular á política, religião, etc. Mas que tipo de artista é valorizado?
Acostumamos com duas expressões norte-americanas hoje quando se fala de arte, cultura, entretenimento, etc: mainstream e underground. Mainstream é aquela produção que conta com o apoio da mídia. Ela tem mais recursos e é voltada para mais pessoas, mas exatamente por isso ela perde em criatividade (é o que Adorno chama de indústria cultural). O Underground é o contrário: é mais limitado, tem menos qualidade técnica, mas mais criatividade.

Meu amigo Diego Gatto em um post de seu blog Fagocitando São Paulo discutiu essas duas faces da mesma moeda e destacou muito bem a complexa relação que uma nutre pela outra: não é simples oposição, afinal, o mainstream queria ser criativo como o underground, enquanto o underground queria tero alcance e os recursos do mainstream.
Dizer que ambas são imiscíveis, feito água e óleo, é um pouco perigoso. Acho interessante como de um tempo para cá a indústria cultural tem tentado digerir o underground adotando inclusive sua cara e seus temas (o que podemos encontrar principalmente no cinema com a avalanche de histórias sobre família disfuncionais ou fracassados).  Há também obras que se tornam undergroundo acidentalmente, são o caso, por exemplo, de muitos filmes e livros tidos hoje como "cult".

O cineasta Francis Ford Coppola há um tempo declarou na imprensa que acredita que o artista não deveria ser remunerado pelo seu trabalho. Não estava com isso tentando defender um projeto de transformação dos ateliês e estúdios em senzalas, mas criticando justamente a política de financiamento das artes. O patrocinador possui algum direito sobre a obra. O artista, na visão de Coppola e de muitos, fica refém do patrocinador e assim a sensibilidade artística e o brilho autoral vai para o beleléu.
O que Coppola defende é uma utopia. O artista nunca foi tido como um sábio, ele sempre foi refém dos poderosos, e parece que a situação não vai mudar. Mas mesmo assim é interessante como a política de incentivo cultural de muitos países tenta sempre passar uma imagem de que ela amparará todos os artistas e, no entanto, sempre privilegia uns e esquecem outros.

Esses "outros" tem que encetar uma verdadeira luta para divulgar sua obra, para despertar a sensibilidade do público, para ter reconhecimento. Uma luta na qual ele dá muito de seu sangue, suor e até lágrimas. O escritor Antônio Carlos Villaça se referia á uma Grande Arte como uma instância no mundo cultural onde residia o brilhantismo e a sensibilidade. Segundo ele, a Grande Arte exige muita força e dedicação de seus sacerdotes. Talvez a maior vingança desses artistas anônimos, que vivem á margem do mainstream, seja justamente essa: no final das contas, eles são os sacerdotes da Grande Arte.

Os lados do jogo II


Falava outro dia da questão da desigualdade. Há quem a considere uma diferença. Só pra ficar claro: a diferença é algo natural, é inerente ao homem. Todos nós somos diferentes, seja por causa da nossa anatomia, da nossa formação familiar, da nossa experiência de vida, enfim. A grande questão é se a desigualdade é inerente ao homem. Muitos dizem que não. Outros que sim.
Vamos dar uma olhadinha nos argumentos: alguns acreditam que o homem possui instintos primitivos dentro dele, como o egoísmo, o oportunismo. São difíceis de se apagar, porque são instintos: continuamos sendo animais, nós só damos desculpas mais bonitas para nossos rompantes selvagens. O egoísmo é um instinto? Privilegiar a si próprio em detrimento dos outros tem a ver com ânsia de sobreviver, princípio básico de todo instinto. Sendo assim, o homem tende a dominar o outro na primeira oportunidade que tiver.
Outros já acham que é possível superar esse instinto através do conhecimento. Nossa compreensão sobre nossa história, faria com que lutássemos constantemente para acabar com as dominações. Ou seja, a dominação é histórica, ela pode ser acabada como.
E há aqueles que juntam um pouco dos dois lados: reconhecem que a dominação, portanto, é parte de nossa natureza, mas a forma como ela se dá muda de contexto pra contexto. Não se pode acabar com ela, mas diminui-la dentro do possível. Como? Através de ações que impeçam um grupo de sobrepor seus interesses ao outro.

Vamos aos contra-argumentos: Para quem acredita que as desigualdades sejam indestrutíveis, muitos perguntam se isso é apenas uma argumento criado para justificar sua inércia na luta contra elas. Para quem acredita que elas podem ser apagadas, pergunta-se como fazer isso sem substituir uma dominação por outra. E para o último grupo de pessoas, questiona-se como impedir que um interesse se sobressaia á outro, com mais recursos.
Se você é do tipo que faz conexões com coisas que conhece, na hora deve ter sacado que o último grupo está defendendo como projeto a democracia. Um sistema onde todos tem possibilidade de participar e com isso defender seus interesses. Só que, todos sabemos, que as democracias na prática não funcionam tão bem quanto na teoria. Existem grupos sociais mais ricos que fazem lobbys no poder. Outros grupos se tornam indiferentes á política ou não participam por serem desunidos.
Essa última questão é o objeto de estudo de muitos pensadores políticos moderados que foram classificados como social-democratas ou membros da Terceira Via (o termo foi criado na Europa para designar aqueles que não confiavam nem no liberalismo, nem no socialismo). Um deles, Norberto Bobbio, respondeu mais ou menos dessa forma: "eu sei que não é um sistema perfeito, mas é o melhor que temos até agora. O que temos de fazer para transformá-lo em menos desigual é conhecer melhor as regras do jogo e jogar".

domingo, 3 de junho de 2012

Balaio de fatos


AS CORES DA CIDADE
Vermelho do tijolo, que nem fratura exposta, na parede sem reboco.
Azul dos céus de domingos preguiçosos.
Cinza da fumaça da churrasqueira velha, chiadeira.
Rosa do shortinho apertado da gostosona acompanhada.
Branco do olhar indiscreto.
Roxo ficou o rosto depois.

A CUECA REPRIMIDA
Acordou com a vontade de colocar uma cueca na cabeça.
Sem mais nem porque. Apenas acordou com esse desejo.
Mas o que diria a mulher, os filhos e o cunhado? Melhor não.
Hoje não se pode ter nem o direito de se passar por idiota.

AS IMPUREZAS DO BRANCO
Manchas vermelhas, semi-apagadas, denunciavam. Perto da manga podia-se ver, com esforço, uma gota de cerveja. O ciúme sempre encontra as impurezas do branco.

SOBRE O PODER DE FATO
-Se eu avançasse sobre você, arrancasse esse seu nariz empinado fora com uma dentada, o que você faria? Queria ver você apelar para sua "autoridade". Sem "autoridade", o que você faria, em?
O sinal tocou e (quase) todos se despediram do professor.

VOYAGE
O disco voador respondeu a pergunta que não quer calar. Ele agradeceu entre um trago e outro.

URBANIZAÇÃO
Na Mata dos Tatus não existe mais tatus. Nem mata. Com sorte, há de haver tatuís e alguma grama.

sábado, 2 de junho de 2012

Teoria da Relatividade


A VISITA DO LAGARTO
A porta estava aberta, o calango entrou. De primeira, ficou admirado. Depois, intrigado: são eles gigantes ou serei eu um anão?

DE SOBRETUDO E CACHECOL
Não dá pra acreditar! De sobretudo e cachecol! Nesse calor de agosto! Na certa é um doido. Ao invés de andar pelado como todo mundo...

E OS CÉUS TREMERAM...
O padre desconjurou o ateu. O cético atacou o sacerdote. Cada qual com sua ladainha.

O PENSADOR SUJO
O que uns chamam de calçada ele chamava de cama.

Os lados do jogo


Esquerda, direita. São dois lados que eu sempre confundo. São posições políticas também, mas é mais claro saber quem é quem. Ou ao menos, parece. O esquerdista é tido como o cara do contra, o revolucionário, o "badernista", aquele que quer mudar o mundo. Já o direitista é geralmente demonizado como aquele que não gosta do povo,  que defende a moral e os bons costumes, extremamente conservador.
Como se tudo na vida fosse preto e branco. Felizmente, existe uma coisa chamada diversidade que torna tudo mais complicado. Não existe alguém 100% de esquerda, que não possua alguma coisa que não o faça cair em contradição em relação ao que faz e ao que acredita. E o mesmo vale para algum militante da direita. Ser incoerente é parte de ser humano, pois nossa formação e as circunstâncias nos exigem respostas diferentes ás vezes.
Além disso, você pode ser de direita e concordar com algumas ideias da esquerda. Ou seja, você pode ser o que a maioria chama de "centristas", porque ficam no meio do caminho entre estes dois pólos. Claro, "centro-esquerda", "centro-direita" são apenas formas didáticas de classificar posições complexas.
E ainda tem gente que diz ser de direita ou de esquerda só pra se rotular mesmo. Mas vamos nos focar não nos anti-ideologistas, mas no que essas posições representam.

A diferença principal, na minha opinião, entre esquerda e direita reside no modo como se encara um ponto essencial da Humanidade: a pobreza. Para os ideólogos da direita, a pobreza é natural, porque é inevitável o homem querer ter mais que o outro. Para a esquerda, a pobreza é construída historicamente. Marx dizia que nas primeiras sociedades humanas não havia pobreza, pois não havia propriedade privada. Se ela é histórica, pode ser mudada. Se ela é natural, por mais que tentemos não conseguiremos saná-la.
Resumindo, a direita aceita a pobreza porque a associa com a diferença (ser diferente é natural). A esquerda aposta na superação dela porque a associa com a desigualdade social (a desigualdade é produzida pelos sistemas econômicos). O que fazer então? A direita opta por diminuir a pobreza, a esquerda quer erradicá-la.
É uma crítica comum da direita acusar a esquerda de ser idealista demais por perseguir um sistema econômico onde não haja dominação. A esquerda, por sua vez, chama a direita de conformista por defender o status quo com seus ideais.
Qual é o mais certo? Não existe isso. Você deve se perguntar o seguinte: com qual deles eu mais concordo? Só lembrando que essa é uma definição bem generalizante, uma vez que existe uma infinidade de dissidências tanto na esquerda como na direita que possuem seus pontos de vista próprios sobre essa questão. Foi só uma tentativa de esclarecer a questão. Esclarecer pra não continuar confundindo os lados pra sempre.